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AMOR EM DOIS ATOS

“Não existe isso de um tema, um assunto na vida, mas sim uma turbulência sem fim, fora de controle e infinitamente jorrando de dentro da gente, de todo mundo”.

Pascal Rambert

 

Em “Amor em dois atos” o amor está em cena, claro, mas não apenas como um tema, um objeto sobre o qual se desenvolvem teses. Aqui, como quer o autor, o amor é ponto de partida, um tema-impulso que nos leva a refletir sobre como um único sentimento – comum a todos, porém vivido de modo singular por cada um – é capaz de modelar as relações humanas assim como é capaz de transfigurar a nossa linguagem, física e verbal.

Potência comum a todos, portanto, o amor é visto neste projeto tanto como polo capaz de ligar uns aos outros, como também de nos afastar, como força capaz de gerar vida e nos impregnar de vontade de viver, mas que também, em sua desmedida, pode ser destrutivo, e até mesmo mortal.

Transitando entre o teatro, a dança, a performance e o vídeo, “Amor em dois atos” apresenta duas diferentes peças do premiado dramaturgo francês Pascal Rambert, “Encerramento do amor” e “O começo do A.”. E é através delas que observaremos o amor em diferentes momentos: no exato instante do seu início, assim como no ponto final de um relacionamento amoroso. Apresentadas em dois atos, que recomendamos assistir em sequência, essas duas obras revelam uma série de contrapontos: há o amor em forma de poema e também em forma de guerra, e a cena teatral como um espaço de sonhos, mas também como um campo de batalha. Há, por fim, a dimensão criativa e a pulsão destrutiva do amor e de todo ser humano, assim como há a euforia e a melancolia que tomam os corpos daqueles que se lançam às descobertas e às turbulências do amor.

Mas para além dessas radicais polaridades, o que há de fato, como quer o autor, é uma “turbulência sem fim”, um jorro de múltiplas e conflitantes perspectivas sobre as facetas desse sentimento e, também, do modo como todos nós lidamos com ele. Rambert nos coloca diante da complexidade dos grandes sentimentos – sempre tão incertos, instáveis e misteriosos – e nos surpreende ao nos colocar diante da difícil jornada da existência e do compartilhamento de afetos.

Engajados nesta mesma jornada teatral, espectadores e atores atravessam juntos, no fim das contas, um poderoso tour de force físico e emocional, uma poética batalha de palavras, gestos e silêncios, onde a complexidade e o colapso dos nossos tempos e corpos também se revelam no ato, nos atores, em cena.

Com direção e dramaturgia de Luiz Felipe Reis, "Amor em dois atos" é protagonizada pelos atores Julia Lund e Otto Jr. A montagem conquistou o Prêmio APTR de melhor ator protagonista (Otto Jr.), foi indicada ao Prêmio APTR de melhor atriz protagonista (Julia Lund), e foi indicada ao Prêmio Cesgranrio nas categorias melhor direção (Luiz Felipe Reis) e melhor ator (Otto Jr.).

SOBRE PASCAL RAMBERT.

 

Dramaturgo, encenador e coreógrafo, Pascal Rambert (n. 1962) escreve e dirige seus próprios trabalhos desde 1982, tendo fundado, em 1984, a sua primeira companhia, a Side One Posthume Théâtre, pela qual estreou com a peça “Désir et Les lits”,  em que assinou o texto e a direção. Autor e diretor de mais de 35 montagens, suas criações têm sido representadas nos mais respeitados teatros, centros culturais e festivais da Europa, América do Norte, Norte da África, Rússia e Ásia. Do seu repertório se destacam “Une (micro) histoire économique du monde, dansée” (2010), “Clôture de l’amour” (2011), “Memento mori” (2013), “Avignon à vie” (2013), “Répétition” (2014) e “Argument” (2016).

 

Premiado em 2013 com o Les Molières de melhor autor, por “Encerramento do amor”, Rambert foi convidado, em 2015, para apresentar o seu repertório no Théâtre des Bouffes du Nord, o famoso teatro de Peter Brook, em Paris. Na casa, encenou cinco de seus textos no programa “Rambert à nu”: “Memento Mori”, “Clôture de l'amour”, “Avignon à vie”, “De mes propres mains” e “Libido Sciendi”.

 

Entre 2006 e 2016, Rambert também exerceu a direção do T2G – Théâtre de Gennevilliers e do seu Centro Dramático Nacional de Criação Contemporânea, projetos que, vinculados, formaram um grande complexo de artes cênicas e funcionaram como um projeto piloto de teatro público e experimental, na França. Em 2016, Rambert conquista ainda o cobiçado Prix du Théâtre, concedido pela Académie Française em reconhecimento ao conjunto de sua obra.

SOBRE "ENCERRAMENTO DO AMOR".

 

A obra mais reconhecida e premiada da trajetória de Pascal Rambert, “Encerramento do amor” estreou a 17 de julho de 2011 no Festival de Avignon, com interpretação de Audrey Bonnet e Stanislas Nordey e encenação de Rambert. Após a estreia, a obra já foi encenada em mais de 15 diferentes idiomas e conquistou três dos mais importantes prêmios teatrais da França, o Prix du Syndicat de la Critique (2012), o Grand Prix de Littérature dramatique (2012) e o Les Molières (2013).

 

Em “Encerramento do amor” Rambert apresenta apenas dois performers em cena. São atores que interpretam atores, e ambos se encontram numa sala de ensaios. Em cena, não há enredo, trama, arco dramático, antes ou depois do ato. O que há é o instante da cena, a intensidade do momento em que estes personagens travam um embate, um conflito incontornável entre dois atores que vivenciam os estertores de um projeto de relação criativa e amorosa idealizado por ambos. Mas que agora, no presente da cena, chega ao fim.

SOBRE "O COMEÇO DO A.".

“O começo do A.” foi escrita em 2000, logo após um encontro criativo que se transformou em relacionamento amoroso, entre Pascal Rambert e a performer americana Kate Moran. Naquele ano eles haviam se conhecido e trabalhado juntos numa montagem (“A epopeia de Gigalmesh”) que foi apresentada no Festival de Avignon. Logo após a estreia, porém, a atriz retornaria para casa, em Nova York, enquanto Rambert, de volta a Paris e em plena ressaca amorosa e artística, decide dar vazão a um novo texto. É nesta circunstância – entre a paixão, a distância e a espera pelo próximo encontro – que o autor expressa a potência do início do sentimento amoroso, o principal motor da dramaturgia de “O começo do A.”.

Texto vencedor do prêmio de Apoio à Criação concedido pelo Centre National du Théâtre, em 2004, o trabalho foi encenado pela primeira vez em janeiro de 2005, na Comédie Française, em Paris.

 

EQUIPE DE CRIAÇÃO

 

Direção, adaptação e concepção sonora e visual: Luiz Felipe Reis

Textos originais: Pascal Rambert

Tradução dos originais: Marcus Vinicius Borja

Atuação: Julia Lund e Otto Jr.

Diretor assistente e direção de vídeo: Marcelo Grabowsky

Cenário: José Dias

Iluminação: Tomás Ribas

Figurino: Antônio Guedes

Direção de movimento: Lu Brites

Trilha sonora: luiz Felipe Reis e Thiago Vivas

Gravação de off: Pedro Sodré

Fotos e direção de fotografia do vídeo: Elisa Mendes

Design gráfico: Daniel de Jesus

Assistente de cenografia: Beatriz Magno

Assessoria de imprensa: Pedro Neves e Vanessa Cardoso (Factoria Comunicação)

Direção de prodrução: Sérgio Saboya (Galharufa Produções)

Produção executiva: Nathália Pinho

Idealização, coprodução e realização: Julia Lund e Luiz Felipe Reis (Polifônica Cia.)

 

 

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